Técnica 66: Escrevendo narrativas

Olá amigos!

Ao longo dos anos da escola, vamos aprendendo habilidades de escrita. Lembro quando aprendi a ler com a professora nos mostrando diversos capítulos de uma história de um garoto que ia para a lua. A curiosidade do que iria acontecer depois nos deixava atentos a cada lição.

Portanto, é fácil de ver que aprendemos com histórias. As histórias nos dão exemplos, moralidade, aproximam o conhecimento do nosso cotidiano. Razão pela qual recomendamos que você treine a habilidade de escrever narrativas, ainda que a sua área de atuação atual ou futura não esteja ligada diretamente com esta área de saber. Isto porque saber contar uma história é uma habilidade social.

Em círculo de amigos ou colegas, ao narrar um evento, um fato, um acontecimento estamos nos ligando às outras pessoas. Afinal, todos gostam de ouvir algo novo, diferente, instigante, engraçado, divertido ou até assustador, trágico, terrível.

A verdade é que o modo como as narrativas são construídas está intimamente relacionado com o modo como a nossa história particular, a nossa identidade, é traçada. Tanto é que um dos maiores filósofos do século XX, Paul Ricouer, criou o conceito de identidade narrativa.

Resumidamente, o conceito de identidade narrativa diz que para dizer quem somos (identidade) temos que contar uma história. Pode ser uma história curta – como um currículo de emprego – ou uma análise aprofundada como em uma psicoterapia. De toda forma, não conseguimos falar sobre quem somos sem contar uma ou algumas histórias.

Escrevendo narrativas

Apenas para recordar o que é uma narrativa, vamos ao dicionário. O dicionário Michaelis define narrativa como: 1) narração, 2) modo de narrar, 3) conto, história.

Uma narrativa é, então, um modo de narrar uma história. Facilita se pensarmos na pergunta: “Mas o que aconteceu?” Para responder a essa pergunta, vamos ter que narrar os acontecimentos, contar o que se desenrolou em um tempo, com uma ou mais pessoas (personagens).

Saber escrever uma narrativa é útil para estudar história, para escrever redações (até dissertações incluem traços de narrativa), para estudar literatura e, como disse acima, para aumentar as nossas habilidades sociais.

Técnica de estudo: oficina de narrativa

Como com quase tudo, com a escrita é verdade também que a prática leva à perfeição. Quanto mais tempo você se dedicar a escrever, melhor. Evidentemente, se você ler romances, conto, teatro, a leitura vai te dar elementos para escrever com mais facilidade.

A técnica de escrever narrativas é simples porém extremamente eficaz para o treinamento. Com um benefício a mais: traz autoconhecimento.

A técnica é a seguinte:

  1. Ao final do dia ou logo pela manhã, conte um evento que aconteceu contigo há menos de 24 horas.
  2. Procure narrar os fatos com detalhes, ainda que não sejam grandes, procure contar o passo a passo do que houve
  3. Ajuda ter uma meta: 500 palavras é um número interessante como alvo
  4. Ajuda escrever narrativas todos os dias. Por isso, faz sentido fazer da escrita um hábito, como um diário.
  5. De vez em quando, brinque com os elementos básicos de uma narrativa: altere o tempo, o espaço, os personagens, o narrador (você pode escrever como se tivesse se observando, por exemplo) ou como se outra pessoa estivesse contando os fatos.
  6. Se não achar nada de interessante para escrever sobre o que aconteceu contigo, aborde histórias de conhecidos seus ou temas vistos na TV, em séries ou filmes.

Conclusão

Escrever narrativas é uma habilidade útil na escola, em provas de vestibular, concursos, na faculdade. É uma habilidade a ser explorada em conversas com amigos e, em minha opinião, é uma forma incrível de autoconhecimento quando escrevemos o que aconteceu conosco e como interpretamos esses eventos, ou seja, o impacto que isso ou aquilo trouxe para a nossa vida e para a nossa identidade.

Através do conceito de Paul Ricouer, vemos que a nossa auto-concepção, a maneira como interpretamos quem somos, está intimamente ligado às histórias que contamos a nosso próprio respeito.

Se eu digo: “há dez anos, estava me formando em psicologia na Universidade Federal de São João del-Rei”. Esta pequena frase é uma narrativa, pois há um tempo, um espaço, um personagem (eu), e um acontecimento (a formatura em psicologia).

Se formos observar bem, notaremos que o tempo todo estamos contando histórias, em nossa mente ou para os outros. Ao colocar para fora, em um papel ou em um computador, damos mais objetividade e podemos até nos distanciar dessas narrativas (é fácil de ver que nem sempre as narrativas são positivas).

Assim, conseguimos trabalhar uma habilidade muito útil nos estudos e, simultaneamente, estamos desenvolvendo autoconsciência e até a nossa memória ao relembrar do que se passou no dia.

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